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Mestre Yoga


Batizado - Grupo de Capoeira Nova Força 18.04.09 - Monitor Segredo

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Mestre Yoga no treino de 29.03.09

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Roda UFPE

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terça-feira, 2 de setembro de 2008

A ginga da liberdade

Desenvolvida através da velocidade e da dança, a capoeira foi uma das manifestações mais decisivas no processo de resistência nos anos da escravidão.
A opressão feroz dos senhores de engenho e a necessidade de um mecanismo de defesa que pudesse ser aplicado na prática contra os feitores brutais fizeram nascer no Brasil uma das mais fortes manifestações culturais de resistência da história moderna: a capoeira. Mistura inquietante de dança e luta, música e violência, a capoeira foi-se constituindo a partir da própria cultura do dia-a-dia dos escravos negros que chegavam aos borbotões para trabalhar nos canaviais e fazendas, desde praticamente o início da colonização.
Membros de nações diferentes, com línguas diferentes, religiões, cultos e experiências diversas, os negros foram obrigados, para se entenderem, a aprender a própria linguagem do branco, a adaptar-se aos seus rituais, a compreender seus mecanismos culturais. Essa situação, que poderia parecer mais um instrumento de dominação, acabou servindo para a criação de uma nova cultura, muito rica, composta de elementos fundamentais das diversas nações africanas, modificadas pelas condições de trabalho e vida no novo país. E a capoeira, ao lado do candomblé, pode-se afirmar, foi a manifestação aparente mais decisiva desencadeado ao longo dos anos de escravidão.
A capoeira é uma luta. Mas uma luta que disfarça sua violência, sua capacidade de destruir o adversário numa aparente dança ao som de cantos de trabalho. E surgiu assim pela necessidade de esconder de feitores e policiais sua característica verdadeira. Sem possibilidades de conseguirem armas e munições, os negros desenvolveram um sofisticado sistema de defender-se com o próprio corpo, descobrindo que a velocidade e a ginga da dança – que haviam trazido da África – poderiam ser aliados poderosos. Misturou-se aí os conhecimentos do funcionamento de seus instrumentos de trabalho – o martelo, a foice, as enxadas – que vieram dar origem a uma série de golpes que imitam suas funções. Acrescente-se ainda as várias formas de defesa de animais: a marrada, a pancada seca com o rabo, o coice de uma mula, o estapear dos felinos. Criou-se então um sistema de golpes de surpreendente eficácia, mas adaptado muito mais à defesa do que ao próprio ataque. Uma luta rápida onde se deveria tocar o mínimo possível no adversário, geralmente bem mais armado e equipado. Uma luta de bate-pronto, própria para fugas, pois sua finalidade principal não era derrotar todos os adversários, mas imobiliza-los para propiciar a fuga, a liberdade.
Assim, a capoeira, utilizando a dança, o berimbau, os atabaques, como disfarces e de certa forma parte integrante de sua estrutura, acabou tendo um papel fundamental, não só do ponto de vista militar, na resistência à escravidão, como também de união cultural entre os líderes e seus grupos. Foi uma das armas importantes na constituição dos quilombos, foi fundamental para sua defesa, durante muitos anos. E só quando os exércitos portugueses haviam adquirido armamentos mais poderosos e sofisticados, como escopetas e canhões leves, foi possível realmente arrasar e derrotar os quilombos.

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